O sentimento de culpa
Sentem-se ao desamparo de si mesmas, ao sabor de culpa que as toma de surpresa, nas armadilhas que esse sentimento ocasiona.
Mas de onde nasce este sentimento?
A culpa nasce do conceito que trazemos dentro de nós do que é certo ou errado, do que é nosso dever fazer ou do que não devemos fazer.
Conceitos introjetados em nós de acordo com a cultura, a educação,a religião que vivemos.
Ela surge quando contrariamos esses conceitos.
Aqueles que possuem dificuldade para lidar com os próprios limites, erros, fracassos, incapacidades, tendem a se martirizar e se culpar de forma excessiva, muitas vezes castigando-se num processo de autopunição que acaba paralisando o momento presente e a vida futura.
É como se trouxessem no peito o pulsar constante de * “mea culpa... mea culpa... mea...máxima culpa”
Sentimento que nos aprisiona e escraviza ao desamor.
Presenciamos muitas vezes no passado, pessoas angustiados dizerem esta frase, batendo-se no peito num ritual de contrição. Eram momentos quando não encontrando soluções para o problema apresentado, apegando-se em sua fé pediam perdão pelas tentações, erros, fracassos, sentindo-se culpados,e temerosos pelos castigos que lhe seriam infringidos.
Sem conseguir entender o que estava acontecendo ficava pensando que algo estava errado com este entendimento da fé, pois Deus não é lenitivo, conforto, consolação?
Mas o Deus desse entendimento não. Esse Deus era exigente, punitivo e acenava para os homens com o céu ou o inferno, sem remissão das culpas.
E então ficava claro para mim, o remorso,a angustia nos sentimentos nas expressões e comportamentos.
Esse Cristianismo como entendem os homens, quanto sofrimento e dor, trouxe a cada um deixando essa marca triste no ser humano que é o sentimento de culpa.
Ser bom era uma questão de ir pro céu ou inferno, algo terrível que podia nos acontecer.
Não era questão da educação dos sentimentos, entendimento, escolhas, crescimento. Nem uma questão de educação espiritual, mas de coerção exercida pelo medo do desconhecido do qual esse Deus tinha poder absoluto julgando e punindo a “imperfeição humana”, esquecendo-se que havíamos sido criados “simples e ignorantes”.
Primeiro os homens estigmatizaram o Cristo, depois estigmatizaram a si próprios, estigmatizando o Cristianismo com o sentimento de culpa.
Marcas e símbolos vincando a indelével estrutura da consciência humana, por séculos.
Ainda bem que o Cristianismo dos homens não é o mesmo do Cristo, o * “Rabi da Galiléia”, que antevendo acontecimentos prometeu enviar um "Consolador" para aqueles que não tinham entendido sua mensagem de então.
E na fé raciocinada pudemos paulatinamente através do estudo e do trabalho de amor, ir libertando essa consciência das injunções impostas por esse sentimento tão funesto quanto doloroso.
Como amar a Deus, ao próximo e a si mesmo, dentro de um contexto de culpa?
Jesus o * ”Mestre” nunca julgou ou puniu. Ele ensinou ! Vá e não peques mais!
Como sobreviver moral e emocionalmente tendo tantos deméritos perante a vida.
Amor, respeito, dignidade, valores retomados segundo méritos próprios, devem embasar nossas atitudes, para que a consciência desperta, aja com liberdade na valorização de si mesmo e do outro.
Ainda hoje muitos que freqüentam a casa espírita trazem esse entendimento comprometido com essa forma de sentir, achando-se desqualificados para as tarefas que os aguardam.São criaturas que ainda não se libertaram dessas estruturas marcantes da consciência, afinal estamos na nossa primeira encarnação como espíritas, pois o espiritismo é jovem; mais ou menos cento e cinqüenta anos. Neste período de tempo, só conseguimos uma encarnação. Então com certeza essa é nossa primeira encarnação como espíritas.
Estamos pela primeira vez experenciando os fundamentos deste ensino:
O livre arbítrio, a lei de causa e efeito,a imortalidade da alma, a consciência de que o amor absoluto de Deus faz parte de nossas vidas em todos momentos.
Do consolo e esperanças que o novo entendimento do Evangelho nos propicia. O dever do ressarcimento das dividas sob a supervisão da justiça e misericórdia infinita do Pai. Os laços de amor que não se perdem jamais.
A Lei de perfeição contida na lei da Evolução.
Mas precisamos estar atentos para não reincidirmos nessas fixações levando para a casa espírita esses comportamentos ainda doentios da alma.
Atitudes de subserviência,ou deméritos em relação ao outro na expectativa espiritual de fazer-se bom, tendo atitudes fictícias de renovação comprometendo o crescimento espiritual. Isso nos distanciam de nós mesmos, não nos permitindo ver como realmente somos, naquilo de bom que já possuímos e em tudo que precisa ser reestruturado e conquistado para que o estado de consciência seja nobre e libertador.
Como diz Paulo,o apostolo:- Graças a Deus já somos o que somos!
Mas Jesus nos ensina e o Espiritismo também que:
Dentro do contexto da perfeição* “Fora da caridade não há salvação”.
A caridade é o lenitivo, a cura para o sentimento de culpa, pois ela é a essência da perfeição, em cujos princípios estão contidas as virtudes da benevolência,da indulgência e do perdão. No *“Sede perfeitos como vosso pai celestial é perfeito”, o Cristo nos ensina que só o amor a si, ao próximo, nos eleva a Deus, partilhando na sintonia superior o fortalecimento da consciência plena, e do coração renovado que pulsa exultante ,libertação....libertação...liberta...ação ....liberta... ação.
*Rabi = Rabino (do hebraico clássico רִבִּי ribbī; no hebraico moderno רַבִּי rabbī) dentro do Judaísmo significa " professor, mestre " ou literalmente "grande". A palavra "Rabbi" ("Meu Mestre") deriva da raiz hebraica Rav, que no hebraico bíblico significa "grande" ou "distinto" (em conhecimento).
*Rabi é também um título respeitoso que recebiam os doutores da Lei.
O termo é hebraico e significa “Mestre” Mt 26,25;.
Jesus criticou o uso do termo ( Mt 23,7 ) escolhendo para si o termo “Mestre” (Mt 23,10)
*Fora da caridade não há salvação ESSE
* Sede Perfeitos – Mateus 5:48
*A tradução tradicional da frase, que aparecia na maioria das missas antes da década de 70 (ver Concílio Vaticano II), era "por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa."[2]. Esta forma aparece ainda hoje nas Missas Extraordinárias, chamadas Missa Latina Tradicional.
*Significado Popular - Popularmente, a expressão "mea culpa" adquiriu um significado específico, na qual, ao fazer um "mea culpa",batendo no peito três vezes, alguém admite ter cometido um erro ou ser responsável por algum fato trágico.