Porque todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado." ( Mateus, XIV:1, 7-11)



Há dois mil anos temos convivido com os ensinos de Jesus.
Temos aprendido sobre a importância do amor a nós mesmos, ao outro e a Deus. 
Temos utilizado a fé como recurso de auto superação. Exercitado esses ensinos através da caridade, da solidariedade e da compaixão, mas ainda estamos distantes da genuína comunhão com os interesses divinos, ou os desígnios de Deus nosso PAI.
Trazemos em nós uma cortina espessa; a cortina do “eu” que representa nosso ego, ou como diz o Evangelho o orgulho a vaidade.
Essa cortina espessa cobre a luz que vem do alto, E não nos permite ver com lucidez a realidade.
No cotidiano, as cortinas servem para diminuir a luz do ambiente deixando-o na penumbra, mas se forem espessas demais, nos impedem de enxergar.
Assim é a cortina do eu.  Por detrás delas conservamos cegueira espiritual.
A cegueira espiritual nos impede de ver além de nós mesmos, somente registramos nossas necessidades, interesses, sendo promotores da “nossa verdade”.
O “meu querer”, “o meu viver”, o “meu parecer”.
Há uma diferença entre orgulho e vaidade.
Orgulho é a consciência certa ou errada de nossos méritos.
Vaidade é a evidência de nossos méritos certo ou errado para os outros
“Orgulho é a opinião que temos de nós mesmos”.
“Vaidade é o que desejaríamos que os outros pensassem de nós”
Um homem pode ser orgulhoso sem ser vaidoso.
Orgulhoso de sua honradez, de seu trabalho, pois tal é a natureza humana. Mas a questão da vaidade nos parece situação incoerente, pois como pode uma pessoa evidenciar seus méritos a outros se não tem consciência do que seja méritos próprios.
Isso parece irracional, mas como o homem vive as exterioridades para ele parece racional e normal.
Lembremo-nos da lenda de Narciso, e do quanto era apaixonado por si mesmo, e da sua beleza.
Nossa sociedade está repleta de narcisistas basta olhar os reality show, as redes sociais. A sociedade de consumo incentiva a vaidade, incentivando o TER.
No idioma hebraico, língua original dos textos do Antigo Testamento, vaidade é traduzido por "hãvel", que significa vazio, vapor.
Partindo para o termo em latim "vanitas", "vanitatis" - o significado é o mesmo, vacuidade (o que é próprio do vácuo), ou seja: vazio absoluto.
Parece que vivemos em uma busca constante para preencher um vazio existencial em nossa alma. 
Independente de termos ou não uma vida religiosa, demonstramos constante insatisfação com o que temos o que somos e o que desejamos nunca nos satisfaz de fato. A cada objetivo alcançado na vida, o vazio volta a nos consumir como uma “doença voraz”, “insaciável”.
Jesus nos fala sobre esta questão o cap. VII do ESE quando num sábado foi convidado para comer na casa de um fariseu. 
Fariseu no tempo de Jesus era aquele que seguia de maneira formalista a religião.
Ao tomar sua refeição já sentado à mesa observava que as pessoas buscavam os melhores lugares para estar em evidência, ou sentar-se perto de alguém que estava em evidência.  E Jesus propõe uma parábola. 
"Quando fores convidado a alguma boda, não te assentes no primeiro lugar, porque pode ser que esteja ali outra pessoa, mais autorizada que tu, convidada pelo dono da casa, e que, vindo este, que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o teu lugar a este; e tu, envergonhado, irás ocupar o último lugar. Mas quando fores convidado, irás ou vais tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Servir-te-á isto, então, de glória, na presença dos que estiverem, juntamente, sentados à mesa. 
Porque todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado." ( Mateus, XIV:1, 7-11)
Estas máximas são o princípio da humildade e da simplicidade que Jesus nos deixou.
E que o espiritismo confirma a teoria pelo exemplo ao mostrar que os grandes no mundo do espirito são os que foram pequenos na Terra, e que frequentemente são bem pequenos no plano espiritual os que foram grandes e poderosos na Terra.
A vaidade, o vício do prestigio, ou da evidência pessoal, são paixões advindas do orgulho que devem ser reeducadas, para que a pessoa não se perca em si mesmo.
Ao desencarnarmos nos apresentamos como somos e não como gostaríamos de ser.
O que irá nos engrandecer é nosso comportamento de aceitação, entendimento, colaboração. Nosso choro de saudade e não de revolta. A lucidez espiritual que possuímos para auto superação.
Nascemos sem nada e não levaremos nada depois da morte. Se alguma coisa vai permanecer, mesmo após a nossa morte, é o que seja eterno. E o que é eterno, São Paulo nos diz: "Por ora subsistem (eternamente) a fé, a esperança e a caridade - as três. Porém, a maior delas é a caridade" (I Coríntios 13, 13).
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo (cap. Il, item 8), de Allan Kardec, há uma comunicação do Espírito de uma antiga rainha de França, que ao adentrar o mundo dos Espíritos, após uma vida de fausto e de orgulho, viu, com imensa surpresa que os Espíritos de muitas pessoas, que a ela haviam sido subordinadas na Terra e desempenhavam posições subalternas, obscuras, eram muito superiores a ela e desfrutavam, no mundo dos Espíritos, de uma situação superior. Em certo trecho da sua comunicação, ela diz, textualmente: "Que humilhação, quando, em vez de ser ali recebida como soberana, vi, acima de mim, porém, muito acima, homens que eu julgava tão pequenos e os desprezava, por não serem nobres de sangue! Oh! Só, então, compreendi a esterilidade das honras e das grandezas que, com tanta avidez, se buscam na Terra!"
O sentimento de vaidade nos distancia da realidade de nós mesmos, das pessoas, de Deus nosso Pai, transportando-nos para o domínio da ilusão, ampliando mais e mais nossa frustração e desajuste coessencial.
Haverá sempre alguém melhor que nós mesmos, construindo, idealizando e realizando coisas de uma melhor maneira.




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